" Ensinar é um exercício de imortalidade.De alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra o professor,assim,não morre jamais..."

Rubem Alves

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sexta-feira, 4 de fevereiro de 2011

Aperfeiçoando a Escrita

Aperfeiçoando A escrita
O aperfeiçoamento dos textos dos alunos já alfabetizados exige o desenvolvimento de atividades de análise lingüística e de ortografia. Com as primeiras, buscamos melhorar a estrutura geral dos textos e a utilização dos recursos discursivos; através das últimas, os alunos irão dominar gradualmente a grafia correta das palavras mais utilizadas.

Prática de análise lingüística
O objetivo da prática de análise lingüística é promover a clareza, coerência e coesão dos textos escritos pelos alunos, bem como os aspectos gramaticais que constituem as dificuldades mais comuns no uso da modalidade escrita da língua culta. A metodologia desse trabalho centra-se no texto do aluno, pois sua realidade lingüística constitui o ponto de partida para o domínio da língua padrão. A reescrita de texto é o procedimento essencial para tratar os aspectos de estrutura textual.
Os procedimentos descritos a seguir devem tornar-se rotina de aperfeiçoamento dos textos dos alunos, visando sua clareza, coerência e coesão:
1. Selecione, dentre os textos produzidos pelos alunos, um que seja representativo dos problemas da classe (representativo significa apresentar pelo menos um problema significativo para a classe como um todo);
2. Convide o autor do texto a ocupar lugar de destaque, para que possa ser consultado sempre que necessário;
3. Copie na lousa o texto (ou traga o texto já copiado em papel pardo) corrigido em seus aspectos ortográficos e morfossintáticos: concordância nominal e verbal, conjugação verbal, uso de pronomes etc.;
4. Proponha questões à classe em função dos aspectos a serem reestruturados, anotando as respostas na lousa. Por exemplo, para eliminar redundâncias: Que palavras, expressões ou idéias se repetem? Fazem falta? Podem ser substituídas? Como?; Ou, para assegurar a estrutura da notícia: Que aspectos foram salientados para chamar a atenção do leitor? As informações são condizentes com o fato ocorrido? O título dado despertou o interesse do leitor?
5. Discuta com os alunos a importância das informações obtidas para a clareza, compreensão e aperfeiçoamento do texto;
6. Reescreva o novo texto ou trecho na lousa com a classe, incorporando as alterações discutidas;
7. Proponha que os alunos comparem o texto reescrito com o original;
8. Solicite que verifiquem em seus próprios textos se há problemas da mesma natureza e que, nesse caso, os corrijam.

Para trabalhar os aspectos morfossintáticos dos textos, estes serão os procedimentos rotineiros:
1. Selecione a dificuldade de maior freqüência no grupo-classe: flexão verbal, concordância verbal e nominal, uso de pronomes etc.
2. A partir de trechos escolhidos entre as produções dos alunos, aponte as incorreções e solicite que formulem hipóteses sobre a forma correta; conduza-os a descobrir normas práticas para contornar a dificuldade no futuro.
3. Solicite aos alunos que corrijam seus textos em duplas, em pequenos grupos ou individualmente.
Veja um exemplo das etapas para trabalhar, por exemplo, a flexão verbal.
1ª etapa: reconhecimento do verbo
· Assinale nos textos dos alunos verbos com problemas de conjugação; selecione alguns trechos de textos que contenham esses problemas e copie­-os na lousa;
· Junto com os alunos, proceda ao reconhecimento dos verbos, chamando sua atenção para terminações indicadoras de tempo, número e pessoa.
2ª etapa: identificação do tempo verbal
· Retome os trechos e pergunte se o fato já aconteceu, está acontecendo ou vai acontecer, associando-o a presente, pretérito, futuro ...
3ª etapa: autocorreção
· Peça aos alunos que, em grupos, corrijam seus textos, confirmando com você. Para automatizar o uso correto dos tempos verbais, você pode propor jogos do tipo PARE!. Verifique se já conhecem esse jogo. Caso não conheçam, explique e dê alguns exemplos na lousa. O objetivo do jogo neste caso é, no menor tempo possível, preencher quadros com a forma verbal combinada.

O quadro para preencherem seria assim:
Verbo/Pessoa
Tempos

Hoje
(presente)
Ontem
(Pret.Perf.)

Amanhã
(Fut.Pres.)

Antigamente
(Pret.Imperf.)

Cantar (eu)
Canto
Cantei
Cantarei
Cantava
Correr (nós)
Corremos
Corremos
Correremos
Corríamos
Etc.





Quem primeiro preencher cada linha fala "PAREI" e ganha o ponto da rodada. Ganha o jogo quem fizer mais pontos. Para o jogo, distribua folhas de sulfite e ensine-os a fazer cinco colunas. Anote na lousa os verbos e pessoas (para a primeira coluna) cujas formas deverão escrever.
No trabalho com ortografia, dois aspectos devem ser considerados: um é de natureza intelectual (onde se buscam as regras), o outro é de natureza convencional (onde é necessária a memorização das convenções). Esses aspectos devem ser trabalhados ora coletivamente, ora individualmente, conforme a necessidade.
Quando houver incidência de dificuldades comuns à classe, é melhor que sejam trabalhadas inicialmente no coletivo. É o caso, por exemplo, de alunos recém ­alfabetizados que muitas vezes formulam a hipótese de que as sílabas devem ser escritas com duas letras e geralmente na seqüência consoante-vogal. Este é um dos motivos pelos quais a escrita de palavras com sílabas que fogem a esta regra apresentam mais erros. Daí a necessidade de propor atividades que chamem a atenção dos alunos para o fato de que as sílabas podem ter diferentes quantidades de letras e de que a combinação consoante-vogal também pode variar.
Peça que falem palavras de um mesmo universo de significado (frutas, cores, flores, animais, nomes de pessoas etc.) e escreva na lousa, compondo listas.
Vá chamando os alunos à lousa e peça-lhes que separem as sílabas das palavras e depois as letras de cada sílaba. Leve-os a observar que as sílabas têm um número diferente de letras e que estas apresentam diferentes arranjos na sílaba,
Repita atividades desse tipo com os alunos que estão alfabetizados para que aperfeiçoem a grafia das palavras: não omitindo letras (por exemplo, escrevendo velo em vez de velho); não colocando letras desnecessárias (escrevendo canato em vez de canto); não mudando a ordem das letras para "regularizar" a sílaba (escrevendo secola em vez de escola).
Explicite normas práticas de algumas grafias. Por exemplo, o emprego de m antes de p e b; mal e mau; mas e mais; há, à, a, ah; por que e porque; ou terminações verbais (quando é am e quando é ão).
Outras vezes surgem dificuldades comuns que podem ser explicadas por uma determinada regra ortográfica: você deverá fazê-lo trabalhando-as uma por vez. Selecione, dentre os textos dos alunos, trechos que contenham a dificuldade e anote-os na lousa, na forma original. Solicite que os alunos formulem hipóteses sobre a forma correta, explique a regra e, finalmente, faça a correção.
Peça aos alunos que procurem em seus textos, previamente assinalados, a dificuldade trabalhada, corrigindo-a.
O trabalho individual com ortografia complementa as atividades anteriores e visa desenvolver o hábito da autocorreção.
Está organizado em níveis, para que aos poucos o aluno vá ganhando autonomia na correção ortográfica de seus textos. À medida que dominar completamente a correção em um nível, passe a proceder com ele no seguinte.
Combine com os alunos marcas (círculo ou grifo) para assinalar a palavra a ser corrigida. As anotações nos textos dos alunos serão feitas a lápis, para que possam ser apagadas após a correção.
1ºnível

· Você assinala as palavras incorretas no texto do aluno, registrando-as corretamente abaixo do texto, na ordem de ocorrência dos erros;
· O aluno apaga o erro, escreve a palavra corretamente e apaga também suas correções.
2º nível
· Você assinala os erros à margem da linha em que estes ocorreram e registra essas palavras corretamente abaixo do texto, na ordem de ocorrência;
· O aluno procura as palavras erradas na linha assinalada e corrige-as como no procedimento anterior.

3º nível
· Você assinala as palavras incorretas no texto do aluno, registrando-as corretamente abaixo do texto, em ordem alfabética;
· O aluno localiza-as e procede à correção, como nos níveis anteriores.
4º nível
· Semelhante à anterior, só que você assinala as palavras incorretas na margem; o aluno procura as palavras incorretas e corrige-as, como nos procedimentos anteriores.

5º nível
· Você não assinala as palavras incorretas, mas registra-as corretamente em ordem alfabética, abaixo do texto;
· O aluno procura as palavras incorretas, a partir da lista que você fez e corrige-as em seu texto, como nos procedimentos anteriores.

6º nível
· Você assinala as palavras incorretas nos textos dos alunos, mas não as registra abaixo dos textos; anote os erros de todos os alunos e registre-os na lousa em ordem alfabética;
· Os alunos corrigem as palavras assinaladas consultando a lista feita na lousa.
7º nível
· Você assinala as palavras incorretas na margem dos textos; os alunos procuram as palavras erradas em seus textos e procedem como no nível anterior.
8º nível
· Você faz uma lista das palavras incorretas encontradas nos textos dos alunos registrando-as na lousa em ordem alfabética, mas não as assinala;
· Os alunos procuram na lista da lousa para ver quais as palavras que deverão corrigir em seus textos.
9º nível
· Você assinala as palavras incorretas nos textos dos alunos e pede-lhes que procurem no dicionário, para corrigi-las; os alunos apagam os erros, bem como as marcas feitas, e corrigem-nos.

10º nível
· Finalmente, você apenas faz marcas à margem do texto onde houver incorreções e os alunos identificam a palavra errada, consultando o dicionário para corrigi-la.



Fonte: Módulo I – Aprender pra Valer – Classes de Aceleração – FDE e CENPEC

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